quinta-feira, 20 de março de 2014

O INÍCIO DO FIM



            Como resultado da nossa enquete "Se os transportes coletivos realmente funcionassem, você usaria?" temos os seguintes valores:




            Parabéns pessoal! Muito bom saber que nossos leitores têm o desejo de poder usufruir de um transporte coletivo de verdade. É uma pena que há cerca de uma semana tenha sido noticiado à população mossoroense que uma das empresas que operam no sistema de transporte coletivo, a “Cidade do Sol”, pretende encerrar suas atividades por aqui. Um problema que já estava muito ruim vai piorar.

            Atualmente existem 32 ônibus em circulação na cidade, dos quais 7 são da empresa. Para termos uma ideia de como o transporte público mossoroense vem piorando exponencialmente, a Cidade do Sol começou a operar na cidade há 15 anos com 44 ônibus; se desprezarmos a quantidade de ônibus das outras empresas que também prestavam serviço aqui, uma única empresa tinha uma frota 27% maior do que toda a frota que dispomos hoje.

 
            Não é difícil entender porque a Cidade do Sol está indo embora. Quem não possui transporte próprio pode ver como a concorrência é desleal. Os táxis lotação, mototáxis (ambos com profissionais legais e clandestinos), e vans são mais rápidos, e dependendo da distância percorrida, mais em conta financeiramente. As empresas de transporte coletivo têm prejuízo também na venda de passagem nos pontos mais movimentados da cidade por causa dos vendedores de vale. Estes conseguem vales mais baratos (carteiras com gratuidade, meia passagem estudantil ou promoções) e obtém lucro vendendo esses vales para os usuários, que por pagarem menos, optam por esse tipo de serviço. Isso somado à falsificação desenfreada, gera inacreditáveis 45% de usuários com gratuidade em algumas linhas (a média em outras regiões é de 10%).

            Tudo isso poderia ser evitado se houvesse fiscalização da prefeitura, mas não é só disso que a cidade precisa. Conforme o Sr. Marcos Ferreira, 43 anos, usuário de transporte coletivo há mais de 20 anos, explanou muito bem em entrevista concedida ao Camaroça: “Mossoró é líder nesse ranking de desorganização do transporte coletivo. É um problema crônico, da alçada unicamente dos gestores municipais, que já provaram ser incompetentes. Então a frota, as poucas empresas que se aventuram a operar aqui na cidade, estas padecem muito; especialmente pela desorganização do trânsito, porque não existe uma organização para melhorar o trânsito, e muito menos a malha viária. O empresário que se meta nessas ruas de Mossoró vai ter muito problema; uma tábua de pirulito perde feio. Aqui é a capital do buraco. Mossoró se vangloria de tantas coisas né, a capital da cultura, e tal, na verdade aqui é buraco dentro de buraco. Principalmente agora no período de inverno, fica aí os atoleiros. No que diz respeito à manutenção dessas empresas, cada dia fica menos provável que elas se sustentem enquanto tiver esse caos de gestão pública. A cidade é viável; economicamente a cidade é viável. As poucas empresas que operam já precariamente não vão aguentar. Então, quem se aventurar a esperar um ônibus fora dos horários de pico, logo de manhã e de meio dia, é uma tarefa penosa. Sábado e domingo praticamente não existe; um sujeito que precise se locomover de pontos extremos, como do alto São Manoel, até o shopping por exemplo, é esperar em vão, é esperar pelo que não virá.”

            Nas manifestações do “Movimento Pau de Arara” ficou clara a insatisfação dos estudantes mossoroenses. Mesmo assim até agora não vemos uma medida realmente eficiente ser tomada. Conforme declaração do secretário do Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Mossoró, Galtierri Ferreira, dita para o jornal O Mossoroense (em edição publicada no dia 14 de Março de 2014) licitações foram feitas e não tiveram resultado. Medidas burocráticas como o encaminhamento do edital licitatório para o Ministério Público foram tomadas. Qualquer que seja o resultado, demandará tempo, e não dá garantia de uma resolução a longo prazo.


            Agora imaginem uma cidade com uma universidade federal, dois polos de universidade estadual (central e biomédica), um instituto federal e várias universidades particulares; imaginem uma cidade com inúmeras escolas públicas e privadas; imaginem uma cidade com uma população que não para de crescer, composta na sua maioria de trabalhadores que não dispõem de recursos financeiros suficientes para comprar e manter veículo próprio, e acrescente um trânsito inchado sem condições de suportar mais e mais veículos. Agora imaginem essa cidade sem transporte coletivo. Estamos caminhando para o caos.

6 comentários:

  1. É evidente a necessidade de um sistema eficiente de transporte público na cidade de Mossoró devido ao seu potencial de desenvolvimento. Infelizmente, quem não possui transporte público e não quer chegar atrasado ao seu compromisso tem utilizar taxi ou mototaxi, que se utilizado diariamente gera um grande custo no final do mês. Para implantar um sistema básico de transporte público é preciso fazer um levantamento bem detalhado e atualizado desde a demanda de passageiros a situação das vias mais movimentadas para se então fazer um projeto adequado onde seria proposto melhoria das condições atuais, criação e ampliação de novas vias além do estudo de uma tarifa fixa adequada para então licitar. Duvido que tenham feito um planejamento adequado nessa ultima licitação para prestação de serviço se transporte público, quem já tranbalhou em secretarias da prefeitura sabe como é, não é de se estranhar que a licitação tenha sido deserta, É risco de prejuizo e falta de garantia para os proponentes.

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  2. Premiar com redução/ISENÇÂO de IPVA e DPVAT a baixa quilometragem dos veículos; com redução de IPTU a residência com apenas UMA vaga de garagem e estabelecer um acréscimo para aquelas edificações com várias saídas de garagem sobre vias públicas (algumas casa em Mossoró têm toda a calçada como área interditada a estacionamento por conta das saídas de carros!!)...A multiplicação de pontos de paradas de ônibus no Centro amplia a atração pelo serviço de ônibus.

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  3. Esta questão é um dos maiores problemas da nossa cidade hoje, imagine no futuro próximo. Inversamente proporcional é o impenho da Prefeitura pra resolver, quase nada é feito e o pior é que o que foi feito até agora foi totalmente ineficaz.

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  4. Lembro de uma vez ter pego um ônibus. O negócio tava tão bravo que o miserável parou pra abastecer no posto com o dinheiro que o trocador já tinha recolhido. Ou seja, não existe boa vontade da prefeitura e nem profissionalismo das empresas.
    O que me leva a próxima questão: toda prefeitura tem um subsídio de passagens de ônibus. Quando você paga 2,50 ou 3 reais, essa só é a sua parte. A prefeitura complementa o resto. Digamos para quatro ou cinco reais. Por passagem.
    Me pergunto como isso ocorre em Mossoró. Será que eles repassam um dinheiro mínimo para as empresas? Será que para elas não compensa melhorar justamente por isso? Porque o gasto que teriam para melhorar é bem maior do o que já ganham da prefeitura?
    E de quem são essas empresas? Porque tão poucas, apesar de haver tamanha demanda reprimida?
    Quem está ganhando com isso? Não é quem precisa de transporte, com certeza.

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  5. Quase nada é feito! Antonio.

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  6. Enquanto estivermos acomodados, essa política não vai mudar.

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